quinta-feira, 20 de novembro de 2014

Conclusão ou Considerações Finais?



Por Aluizio Moreira


Repetidamente alguns alunos da graduação ou mesmo de pós-graduação, durante a elaboração da monografia, indagam-me se a última parte dos elementos textuais é CONCLUSÃO, CONSIDERAÇÕES GERAIS OU CONSIDERAÇÕES FINAIS, uma vez que se deparam ora com uma, ora com outra denominação.

Se nos reportarmos à ABNT NBR 14724:2011 (Trabalhos Acadêmicos), NBR 6022:2003 (Artigo em publicação periódica cientifica impressa), NBR 10719: 1989 (Relatórios Técnico-científicos) ao apresentarem as estruturas constitutivas dos trabalhos acadêmicos, artigos e relatórios, registram a palavra CONCLUSÃO (e não Considerações Finais) na última parte correspondente aos elementos textuais, entendida esta como dedução extraída dos resultados do trabalho. 

Algumas Instituições do Ensino Superior no entanto, defendendo o ponto de vista de que a palavra CONCLUSÃO traz implícito o sentido de que a pesquisa, ao seu término, atingiu resultados absolutos, portanto que não admite restrições, nem contestações, advogam os que adotam o uso das expressões CONSIDERAÇÕES FINAIS ou CONSIDERAÇÕES GERAIS(1). Neste caso a palavra consideração/considerações implicaria admitir, ao contrario de Conclusão, que a pesquisa apenas possibilita reflexões não definitivas, contestáveis, suscetíveis de revisões, argumentam seus defensores.

Ora, na verdade uma das características da ciência, do conhecimento científico, é sua falibilidade, seu caráter não absoluto, não definitivo acerca dos resultados obtidos sobre o objeto de investigação do pesquisador. A palavra conclusão não implica numa situação conflituosa com essas características.

Para Ruiz (2006, p. 76) a conclusão teria como finalidade “reafirmar sinteticamente a ideia principal e os pormenores mais importantes” colocados naquela produção particularizada do conhecimento. É como se expressa Fachin (2003, p. 165), “um arremate final” resultante “dos dados obtidos ou dos fatos observados” naquela pesquisa. Não é outro o entendimento de Salomon (2010, p. 349): “A conclusão representa o momento para o qual caminhou todo o desenvolvimento do trabalho”. Reforça Máttar Neto (2003, p. 171): A conclusão objetiva “reorganizar as informações e interpretações discutidas durante o desenvolvimento do texto” [. . .]

Ou seja, a conclusão não transcende as deduções verificadas nesta ou naquela investigação, não está para além do resultado alcançado numa determinada pesquisa. 

É a conclusão a que cheguei!

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(1) Não se trata de uma tendência geral. Nos Manuais de orientação de monografia as IES PUC-Rio, PUC-SP, PUC-Minas, PUCRS, Presbiteriana Mackenzie, entre outras, seguem a denominação que consta nas Normas da ABNT.


Referências

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA E NORMAS TÉCNICAS. NBR 14724. Informação e Documentação – Trabalhos Acadêmicos. Apresentação. Rio de Janeiro, 2011.
______.  NBR 10719. Apresentação de Relatórios Técnico-Científicos. Rio de Janeiro, 1989.
______. NBR 6022. Informação e Documentação – Artigo em publicação periódica cientifica impressa. Apresentação, 2003.
FACHIN, Odília. Fundamentos de metodologia. 4. ed. São Paulo: Saraiva, 2003.
MÁTTAR NETO, João Augusto. Metodologia científica na era da Informática. São Paulo: Saraiva, 2003.
RUIZ, João Álvaro. Metodologia científica: guia para eficiência nos estudos. 6.ed. São Paulo: Atlas, 2006.
SALOMON, Délcio Vieira. Como fazer uma monografia. 12. ed. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2010. 

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